Noutro dia, no posto de saúde do bairro, mamãe encontrou uma das minhas ex-coleguinhas de classe. Isso mesmo, coleguinha...da quarta série do ensino fundamental.
Isso só aconteceu porque minha irmã caçula, que acompanhava mamãe, é uma simpatia e fez amizade com uma senhora que aguardava uma consulta; desandaram a falar de tudo quanto é assunto. Não é que a danada descobriu que a dona tinha um casal de filhos?! Letícia e Luan. Curiosamente, o nome dos queridos irmãos dela, ou seja, eu e mi hermano.
Uma mocinha, sentada em frente a elas, observava tudo. Nessa hora, ela fez uma cara de alívio e disse:
- A senhora é a mãe da Letícia? Da escola tal?
Diante da afirmativa, ela continuou:
- Sabia que te conhecia! Estudei com ela, com a Mirella, com a Amanda -citou uma porção de nomes -...jogavamos futsal juntas! Como é que ela tá? Ainda tá jogando?
- Tá bem. Mas não joga mais não! Faz tempo, parou naquela época. Aí, começou a trabalhar no último ano do colegial, faz faculdade. Ela lembra de todo mundo, lembra de tudo, vai lembrar de você, com certeza. Qual seu nome?
- Dayse. Graças a Deus que ela está bem! Tá fazendo faculdade? Olha que beleza! Eu casei, terminei o colegial, mas agora que meu filho tá com um ano e quatro meses, tô pensando em voltar a estudar, fazer faculdade...
(...)
Chegou a hora de se despedirem:
- Manda lembranças para Letícia.
***
Eu não consigo descrever o que eu sinto ao escrever isso.
Talvez, talvez, já tenham feito o trabalho por mim:
No peito a saudade cativaFaz força pro tempo pararMas eis que chega a roda-vivaE carrega a saudade pra lá***
