sexta-feira, dezembro 28, 2007

Eu me lembro dos olhos, os olhos cheios, a voz arranhada, de cada pedacinho caído. Sobrou nada. A casa vazia, um rosto ameno, a voz embargada, os olhos sorrindo sabe-se lá porquê.
As antilhas afundando, já não havia Galapágos.
Tinha um céu laranja, não chovia há uns três dias, a terra estava fresca, nem seca nem molhada, fresca. Tudo parecia em órbita, tudo estava como na canção: Just fine, my babe.
E os portões abertos, os portões escancarados, Just fine, my babe.
Ela sussurrava, e então, gritava, e então, colocava as mãos entre os cabelos presos, desordenava os fios, embaraçava tudo.
Olhando assim, eu gostava menos dela. Just fine, my babe. Mas então, ela me olhava com olhos molhados, tão miúdos. Eu só via água. Aí, vinham as mãos, vinham os fios, molhava todo o resto para enxugar aquelas miudezas. E secos, sorriam.
Eu assobiei. Os portões abertos, os portões escancarados. Folhas mortas no jardim, mas a terra tão fresca. Eu assobiei: Just fine, my babe.
Ela passou as mãos no rosto e tentou segurar minhas mãos. Me afastei.
E foi nesse momento singelo, momento-nada pro resto do mundo, que eu ouvi a frase mais melosa de toda minha vida:
-Cuide de tudo que é amor.
Abaixou a cabeça - eu sei que ela esperava um "vem cá, eu te amo" - e foi indo em direção ao portão, não era lerda, nem era rápida, nem olhou para atrás.
Voltei a assobiar - Just fine, my babe!
Mais tarde, quando fui fechar os portões, me dei conta: odeio standarts.

Interterimento

Acabei de ler tal "palavra" num fórum de comunicação sobre o afastamento de Glória Maria do Fantástico. Quem escreveu a barbaridade? Uma estudante de jornalismo revoltada com "Programas de Interterimento e Jornalisticos". Ela não gosta muito "do jeito da Glória Maria" e acha que a Rede Globo deveria renovar seu time de jornalistas e comentaristas. Tenho minhas sugestões: a dona da pérola ou Skylab.
Vou assistir menos ainda.

Férias no escuro

Na última semana de férias, decidi que era hora de aproveitar um pouco. Fui ao cinema.
Choveu, lógico. Mas ir ao Espaço Unibanco num dia útil e chuvoso quer dizer pouca gente nas salas de projeção. E isso, meus amigos, isso é bom.
Cheguei correndo, desesperada, em cima da hora, com um medo danado de perder a sessão! Mas calma. Consegui chegar a tempo para assistir A Via Láctea, da Lina Chamie. Que filme lindo - Roteiro e montagem de uma sensibilidade fora do comum. Tanta poesia, tanta simplicidade. Entrou pra minha lista de brasileiros favoritos.
Uma pena que os poucos adolescentes presentes fossem tão ruidosos. E bobos. Prrf.
Quando saí, comprei ingresso para próxima sessão: Viagem a Darjeeling, de Wes Anderson.

Pausa para o café nas mesinhas lá de fora. Capuccino pequeno e mousse de chocolate com avelã. Chuva e Schopenhauer. E café e chocolate e avelã. Uns momentos antes de um filme do Wes Anderson. Todas as vontades em dia.

A sessão de Viagem a Darjeeling lotou porque já era noite. Bem próximo de mim se sentou um casal de amigos. Antes do filme, eles comentavam sobre um show antiquééérrimo da Siouxie. Tipo, mil novecentos e bolinha. Tipo, eu não era nascida. Tipo, fiquei super interessada na conversa deles. Disfarcei, mas ouvi como ele e um amigo nipônico fizeram para entrar com a câmera fotográfica no bendito show. Prova de que o mundo do entretenimento não evoluiu muito (no quesito educação) nos últimos 30 anos. Mas o filme começou e logo me esqueci deles. E do resto do mundo.

Wes Anderson, por que você insiste em me dar motivos pra te amar?

Dois dias antes, eu tinha assistido Across the Universe.

Fofo. Do começo ao fim...é só cantar junto.

Bacana, né? :)
Não é incrível quando a TPM vai embora?! Rá.
Eu voltei. Na verdade, eu voltei há dias, mas como minhas férias do trabalho acabaram, não tive tempo de digitar nada por aqui. Última semana do ano é a mais corrida...e eu gosto! (:

Ah, e viver em casa é uma delícia. Eu não me lembrava do quanto casa pode ser melhor do que apartamento. Contudo, agora eu preciso de um ventilador!

terça-feira, dezembro 18, 2007

01:29

Quase tudo passa. Que venham as madrugadas.

Mentalmente, eu não passei dos 6 anos de idade

Suspiro.
Voltei ao trabalho hoje. De fato, minhas "férias" só terminam na quarta-feira, mas troquei o dia com o outro funcionário. Férias são os 30 dias mais rápidos do ano de qualquer trabalhador. Sem lembrar que antes de sair de férias, eu digitei lembretes e afins num sulfite a4 e colei na parede do escritório para o Júlio, que eu treinei um ano inteiro. Quase no rodapé da folha, digitei os telefones do escritório dos meus chefes, além dos celulares do gerente e dos meus chefes. Três dias depois, voltei lá. Vi meu nome e meu celular em letras garrafais, azul.
Segundona:
Estou passando mal há alguns dias. Hoje, as dores pelo corpo foram piores. A dor de cabeça. A.
Meu gerente sorria. Tudo tava bom, nada era problema. Nem o cliente que me ofendeu.
A Stela me "interfonou" só pra dizer oi-tipo-bem-vinda. Mais tarde desceu para fazer confidências.
Minha chefe me ligou, simpática. Confessou baixinho: "Tá uma confusão! Todo dia isso aí tá dando errado..."
O sr. Manoel me deu presentinhos de natal.
Atendi vários dos meus preferidos (sim, se você é chato, eu te acho um chato, mesmo. Caso contrário, eu até comento com os outros sobre você, cliente legal!)
Um cliente tá indo pra Portugal amanhã.
Você quer que eu traga alguma coisa de lá?
Não, magina...
Nem um português?! (risos)
Ah! Pode trazer o Cristiano Ronaldo! E me levar pra Manchester! (risos gerais)"

Patroa, deu tudo certinho. Não tem erro.
Tem erro não. Exclua aí: meu cansaço físico-mental, minha vontade de chorar, minha vontade de trancar a faculdade, minha vontade de não falar com quase mais ninguém que tenha sido meu amigo ou colega de estudos, minha vontade de pedir demissão. Hoje, minha vontade é o não.
A não ser: minha vontade de saber viva a minha avó Ângela e o Elliott Smith.
Nenhuma das minhas vontades se realizarão. Exceto o lance de chorar, mas eu queria que isso aí passasse.

Pós-trabalho
Eu vi um ótimo amigo. Saudade grande dele. Grande, mesmo. Lá do outro lado da rua, ele sorriu. Atravessei correndo.

Eu ouvi, ouvi, ouvi. Culpa de um vizinho louco. Eu gritei com ele. Meu pai tá brabo comigo. Cheguei em casa mal conseguindo respirar.

WOHOO

sábado, dezembro 01, 2007

Out of the hole where I was born...

Mudança é uma bagunça.
Meu grau de insanidade se eleva a medida em que percebo que minhas caixas se misturam com as dos outros, que minhas roupas não cabem mais em malas, que já não existam mais caixas e malas! Fica tudo tão inseguro, é como se nada pertencesse a ninguém. E não pertence, mesmo. Mas, comprovar a teoria na prática, assim de repente...é um tantinho mais doloroso, um tanto mais libertário.
O problema não é o "tudo passa", mas sim o fato de eu não achar que algumas coisas devam passar agora.
Bagunça feita, hora de voltar ao batente, digo, a mudança!
Me desconectarei do cyberespaço, mas espero voltar...em breve, em sã consciência!